imagem interna do triplex
É simples doutor, me ensinou o motorista do uber, eleitor de
Lula e mais que isso, seu admirador. Lula foi um bom presidente. Eu mesmo “devo
a ele as condições que me permitiram comprar esse carro”, aduziu.
Para em seguida arrematar como se desferisse uma série de
socos potentes, rápidos e certeiros: “Mas ele roubou, não foi? Quem rouba é
ladrão. E lugar de ladrão é na cadeia”. Calou-se pelo resto da viagem.
Sim, é simples. Muito simples. O resto é invenção de gente
palavrosa que professa ideologia e gosta de ter razão. Lula não foi o melhor
presidente que este país já teve, mas não se saiu mal. Foi um prestidigitador.
Mas também foi o governante que incluiu os mais pobres na agenda dos problemas
nacionais. Fez menos por eles do pareceu. Nem por isso nem por isso os próximos
presidentes poderão ignorá-los.
Corrompeu-se para ficar rico. Corrompeu-se para governar.
Imaginou-se imune a qualquer suspeita. Acreditou no que diziam dele Apostou na
sua impressionante capacidade de sobreviver. Ao acordar, já era tarde.
Difícil que a essa altura da vida, mesmo recolhido a uma
cela de 15 metros quadrados onde nada terá a fazer a não ser pensar, venha a revelar-se
capaz de um dia sair de lá muito diferente do que entrou.
Em defesa de sua própria sanidade mental, o provável é que saia com a mesma crença na persona que
criou para si. Não terá outra razão para viver que não seja essa. Triste fim.
Ricardo Noblat