Sinestesia
A sinestesia é
uma manifestação associada à interação entre esferas distintas dos sentidos
convencionais. Ela pode se expressar no plano auditivo, olfativo, visual ou
tátil, bem como no campo do paladar. Assim, a pessoa que apresenta este fenômeno
pode evocar o gosto de um doce ao escrever uma letra, ou relacionar uma
determinada cor ao cheiro de uma flor.
Esta expressão provém do grego
‘syn’, que tem o sentido de ‘união’, e de ‘esthesia’, que significa ‘sensação’
– união de diferentes sensações.
Ela também é amplamente utilizada na
literatura para se referir a uma mais caracterizada como
de estilo ou semântica, justamente para descrever contextos literários nos
quais distintas imagens sensoriais se relacionam.
Este fenômeno é igualmente
associado a estados neurológicos não patológicos, provenientes de condições de
excitação da mente ou de doses elevadas de criatividade. Uma sensação nasce na
mesma fonte de que, normalmente, outra percepção teria procedência, ou seja, um
estímulo se origina do local de onde outro impulso sensorial teria seu ponto de
partida. Daí visão e olfato, por exemplo, se confundirem em determinado
momento.
John Locke, em 1690, foi o pioneiro na descrição deste
fenômeno, ao narrar a história de um cego que, ao meditar sobre o que não podia
ver, acabou deduzindo o que era a tonalidade vermelha através da sonoridade
emitida por uma trompa. Já nos anais da Medicina, o primeiro paciente a
apresentar um comportamento sinestésico, em 1922, tinha por volta de quatro
anos.
Embora muitos acreditem ser a
sinestesia uma enfermidade, ela não apresenta traços patológicos, e pode
ocorrer a todo instante com qualquer pessoa.
É possível ler uma certa frase e
sentir o cheiro de um perfume, ou escrever uma palavra e subitamente associá-la
a uma determinada música.
Coincidência ou não, grande parte
das pessoas que apresentam manifestações sinestésicas não são destras e apresentam
dificuldade em discernir o lado direito do esquerdo. A sinestesia pode ser
detectada por meio de instrumentos, através do Teste da Genuidade ou TG, o qual
verifica de tempos em tempos a interação entre impulsos recepcionados pela
mente e sua forma de reagir a eles.
Alguns exemplos de sinestesia são
as frases “O brilho suave da seda”, que une a percepção visual e a tátil; “O
doce rosa do seu vestido”, que associa o olhar e a sensação do paladar. Ela é
inerente a várias esferas do conhecimento, especialmente à literatura. Enquanto
figura de linguagem, este fenômeno é mais comumente associado ao movimento
simbolista, uma vez que uma de suas características principais é a interação de
sensações ou de eventos.