Eu diria...

 

Eu diria que eu chamava solidão, 

mas te sabia ali

Eu diria que tu eras a fina agulha insistindo sobre meus ossos.

Eu diria que em certos dias tua escritura me doía mais.

Noutros eu pensava que te afogava, mas eras um rio e sabias da água

- ou eu diria que na madrugada hei de te ouvir num quase lamento

A me verter em aguardências...

Eu diria aquece o medo agora, mas me agradava o tamborilar dos teus dedos

E eu a te adivinhar os silêncios.

Eu diria anda devagar, mais devagar,

Pra teu passo não te levar tão longe assim...

- eu diria que teu passo sabe a arte de levar aos longes, 

nas outras águas.

Eu diria que era inquieto por uma questão  de não saber dormir

Mas eu dormia, a ainda assim tu eras a metade clara de cada sonho.

(eu acordando te inventava perto e por ventura eras uma praia onde cavalos

corriam na tarde, eu também um tipo de bicho a colecionar teus cheiros)

Eu diria teu!

E a vida tem o mesmo cheiro e arde...

Quando as narinas são baldes de aconchego,

E peso e a fresta são amigos do vento,

E os vãos e as fossas me adentram afora...

Que os pés são rastilhos do tempo.

E se a noite dos amantes é tormenta...

As horas – estas  não sei como dizer –

São as vísceras dos meus olhos riachos!

Eu diria...

Rjs 

11/02/2021




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