o pássaro


Sou o pássaro em seu mais alto galho.
Quem tenta comandar meu coração,
estendendo na minha direção
um cantil, uma côdea, um agasalho;

quem se arroja na noite ao (vão) trabalho
de abrir-me em plena chuva o seu portão
e me oferece abrigo e proteção —
não conhece o que quero ou o que valho.

Abre-me, inutilmente, uma passagem
que leva ao centro morno do seu dia
e que entanto não cruzo, pois a imagem

é que me põe em marcha e me desvia:
e desejar um bem que não existe,
e sequer entender em que consiste.

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