Minha ternura secou,


Minha ternura secou,
Sou chão fendido, ressequido,
Sem condições para vegetação.
Um dia choverá,
Mas, por ora
Sou chão fendido, ressequido.
Olho o céu prenhe de nuvens
E acho que não choverá nunca.
Pleno da minha inutilidade
Assisto ao passar dos dias,
São todos iguais.
Passam virgens, intocáveis
Para condição de ontens.
Longe bem distante,
Meus desejos antigos,
Rio-me,
Gravaram-se no vento.
O meu deserto,
Não tem caravanas,
Não têm beduínos,
E não tem oásis.
Da areia estéril
Não espero milagre da fecundação.
Estou sozinho.
Minha vida é um ontem que passou,
Suave, sem estardalhaço.
À minha frente
Há um amanhã provável
E como é triste,
Esperar que ele seja hoje
E de novo acrescentá-lo
Ao rol grande de ontens
Suave, sem estardalhaço...


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